segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Quando as hipóteses são negadas.


Como proceder quando as hipóteses são negadas? Teria sido um insucesso nossa pesquisa? Relaxemos, claro que não! Apenas o fenômeno não se comportou da forma como acreditamos inicialmente. Isto pode se dar devido estarmos orientados pela visão do senso comum, e assim não tivemos a capacidade de observa-lo sem os nossos preconceitos. Além disto, uma das causas desta 'cegueira' pode etar no fato de que nossa euforia inicial nos remete a um estado de encantamento que nos gera percepções tortuosas. E tais percepções nos conduzem no momento da elaboração da hipóteses acerca do objeto de estudo. Assim podemos entender que uma hipótese 'é uma formulação provisória, com intenções de ser posteriormente demonstrada ou verificada, constituindo uma suposição admissível. É a evolução da intuição à teorização e da teoria que levará à prática, a testar as hipóteses firmadas pelo raciocínio dedutivo implícito à teorização, com freqüência, e por motivos vários, que segue por vias aparentemente obscuras. As hipóteses primeiras nem sempre são definitivas e estas, quando firmadas, nem sempre são as ideais, ainda que satisfaçam condições momentâneas'. Através desta definição, fica-nos evidente que, elas poderão ou não ser confirmadas/ comprovadas. E é justamente a busca pela comprovação ou negação das nossas hipóteses que nos impulsiona a seguir em frente. E até certo ponto o não-conhecimento e desejo de conhecer é o combustível que nos move. Somos racionalistas, não temos como fugir desta classificação! Descartes estava certo quando concluiu: 'Dubito, ergo cogito, ergo sum' (Eu duvido, logo penso, logo existo)? Até certo ponto sim, quando buscamos conceituar os fenômenos e separá-los em suas categorias. Mas estaria nossa existência limitada ao pensamento? Acredito que não! Logo, acredito no seguinte axioma: Eu duvido, logo penso, logo hesito". Acredito que a dúvida é uma constante em nossas observações, principalmente se nos baseamos no princípio da complexidade. Apesar disto, a priori, ser cartesiano é fundamental! Precisamos partir de conceitos fechados e limitados para podermos ter a compreensão da forma de interagir com nosso objeto. É necessária a conceituação e a categorização do fenômeno, nem que este procedimento seja provisório e aberto ao diálogo, logo à mudança. A racionalização é necessária para o estudo e a descrição daquilo que é observado. A objetividade é fundamental na hora de agruparmos cada coisa observada em seu devido lugar para não corrermos o risco de nos perder em nossa excitação dos nossos sentidos, o que neste estágio de observação seria prejudicial. Uma outra atitude que deve ser evitada é o confronto de nossas percepções com as de terceiros. Esta postura acaba interferindo em nossas análises e deduções. O ato de conceber o conhecimento acaba sendo um trilhar solitário, quase heremita. Onde devemos limitar as interferências neste processo, para não corremos o risco de perdemos a nossa linha de raciocício que deve ser linear e conduzida por nossas observações e sensações. Voltando a um ponto muito interessante que foi expresso acima quanto à conceituação da hipótese e que merece um destaque nesta discussão, é aquele que diz que quando uma hipótese já se encontra firmada, nem sempre ela se mostra o ideal, mesmo que satisfaça as necessidades daquele momento. Eis que nossos sentidos são capazes de pregarem peças quanto aquilo que estudamos. A situação pode sofrer sérios 'desvios' em relação ao nosso desejo. Portanto manter-se íntegro e fiel quanto ao seu posicionamento e observações, e desejo de conhecer sempre um pouco mais é alimento de nossa alma e felicidade. Tal como Sócrates, minha sabedoria está limitada à minha ignorância, e que a sua máxima seja meu lema: "Só sei que nada sei". Glórias à nossa sábia ignorância, o impulso necessário que nos conduz ao querer conhecer, vivenciar e experimentar...E que sejamos verdadeiros, que nos faz admirar o colorido vibrante e encantador daquilo que se mostra desconhecido... Embriagado desta percepção, concluo afirmando que: "Eu não sei dizer/ Nada por dizer/Então eu escuto/ Se você disser/ Tudo o que quiser/ Então eu escuto/ Fala.../ Se eu não entender/ Não vou responder/ Então eu escuto/ Eu só vou falar/ Na hora de falar/ Então eu escuto/ Fala" ( João Ricardo/Luli).